Turismo sustentável: tendência e mudança de paradigma

Viajar melhor, por si, mas sobretudo pelos outros, quer sejam as populações locais ou o Planeta, esta é a ambição louvável do turismo sustentável. Mas as boas intenções não chegam…
Segundo a Organização Mundial do Turismo “as chegadas de turistas internacionais subiram de 25 milhões em todo o mundo em 1950, para 2/8 milhões em 2000, até atingirem 1 bilião e 235 milhões em 2016″
Graças a transportes mais baratos e uma multiplicidade de ofertas, as evasões para o outro lado do mundo democratizaram-se. E, ao mesmo tempo, surge a vontade de viajar de forma diferente.
O turismo sustentável, como o próprio nome indica, representa para o turista, enquanto consumidor, a vontade de minimizar o seu impacte junto dos locais que visita e das populações que os habitam.
Férias “a trabalhar para o bronze”
Esta forma de turismo desenvolveu-se nos anos 80 e 90. Durante décadas apostou-se no setor do “sol e mar”, com praias a abarrotar pelas costuras e cidades que não mostraram estar preparadas para as invasões de turistas durante a época balnear.
A divulgação dos malefícios da excessiva exposição ao sol criou um novo paradigma, deixando de se sentir a pressão social de “parecer bem” ostentando uma cor de pele que denotava riqueza crescente conforme a cor se aproximava do negro.
Começou a procurar-se outro modo de fazer férias, mais atual, mais consciente, e em que o objetivo principal deixou de ser o de “trabalhar para o bronze” Turismo sustentável: a nova tendência.
Em reação a este turismo de massas aparece assim o turista responsável, que espera que o dinheiro da sua viagem beneficie as populações locais, como forma de os compensar por todos os incómodos a que estão sujeitos…
O desenvolvimento do turismo sustentável permite a criação de emprego local, o que é especialmente importante por estarmos a falar de turismo maioritariamente localizado no interior do país, onde as populações não possuem grandes alternativas no que concerne ao emprego.
Este tipo de turismo traz vantagens para as populações, vantagens que se estendem aos próprios
turistas. Sabem que o seu dinheiro irá contribuir para a melhoria de vida das populações locais e que irá ajudar a conservar o património natural, cultural. etnológico, gastronómico, etc.
O turismo sustentável obriga o turista a perder tempo a pesquisar, a compor a sua viagem.
Estes turistas são pessoas preocupadas com a preservação dos recursos existentes, procuram formas diferentes, relaxantes e naturais de fazer férias. Não estão preocupados em reclamar estatuto social, mas sim em socializar com os locais, sempre com a preocupação de não interferir negativamente num mundo ainda puro e natural.
Estas são viagens que não se podem reservar com um simples clic…são férias que exigem pesquisa e preparação, mas podem transformar-se em experiências únicas, diferentes… e amigas do Planeta.

 

Maria José Pinto

Vice Presidente de Direção Aproturm

Dezembro de 2018