Efeitos da pandemia na restauração
Porque parece que ninguém quer voltar a alguns tipos de emprego e em especifico à restauração?
O teletrabalho demonstrou-se possível em imensas áreas, contrariando o que se dizia anteriormente. Esta nova forma de trabalhar tem vindo a aumentar, não só pela comodidade, como pela redução de custos e das filas intermináveis de trânsito, a ir e voltar.
Não parecendo estar relacionado com o turismo e a restauração, áreas notoriamente conhecidas pela existência de pessoas em locais físicos, 50 mil colaboradores destas mesmas áreas perderam o seu emprego, segundo o Jornal Expresso, sendo a zona mais afetada o Algarve. Ana Jacinto, secretária da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, admite que esta escassez de trabalhadores se possa ficar a dever ao facto de muitos se terem mudado para outra área e que sintam, naturalmente, relutância em voltar.
Espanto.!!!!
Então quem não quereria voltar a não ter fins-de-semana nem férias no verão, a ter horas certas para entrar mas não para sair, horas extras pagas em anos bissextos á tardinha, descontar o salário mínimo mais umas esmolas pela porta dos cavalos e correr como um ladrão, o ambiente de trabalho Zen com sesta incluída, alegres caras pálidas dos nossos colegas e alguns empregadores?
Esta inexplicável atitude dos colaboradores é, na minha opinião, caso de investigação séria, com direito a cachimbo e chapeuzinho da moda. Apenas o facto de desejar um bom fim-de-semana a alguém e não apena um –“bom descanso” é uma mudança drástica para nós (todos os que trabalham em cozinhas), é quase como ir de mini férias todas as semanas.
Hugo Pinto
Chef de cozinha
1 setembro 2021