Sustentabilidade na hotelaria do Minho

De acordo com os últimos dados do INE, em 2018, a hotelaria no Minho representou cerca de 4% do total nacional de camas [12.012 camas] e cerca de 3% do total nacional de dormidas neste tipo de alojamento. Ambos os indicadores atrás mencionados cresceram relativamente ao ano de 2017, em particular o número de dormidas que registou mais 161 mil. Deste modo, consegue-se apreender que o potencial turístico da região do Minho representa mais de 4 milhões de dormidas/ano e mais de 8 milhões em hóspedes/ano, o que demonstra a sua elevada importância no panorama turístico nacional.

Verificam-se condições de crescimento do negócio na hotelaria regional, negócio esse que ainda sofre de constrangimentos regionais associados à sazonalidade e diminuta integração da oferta turística, contudo, de um ponto de vista global e atendendo à visão estratégica para o setor por parte do Governo Português visando as alterações climáticas, estas assumem-se como um desafio estruturante dado que as escolhas feitas no presente, por todos os stakeholders, determinarão a sua futura sustentabilidade e contribuirão para mitigar os impactos ambientais gerados.

Deste modo, as respostas ao desafio que se coloca à sustentabilidade da hotelaria deverão assentar na sua capacidade empreendedora de, nos projetos existentes e/ou nos projetos futuros, implementar ou ampliar boas práticas ambientais que, através do uso da inovação e tecnologia, permitam maior eficiência energética (uso de fontes renováveis e limpas de energia), maior racionalidade na gestão do consumo de água (seja por maior consciencialização dos turistas ou escolhas técnicas e tecnológicas que diminuam desperdícios), maior capacidade de tratamento dos seus resíduos (seja pela reciclagem ou pela diminuição ou reaproveitamento dos desperdícios), bem como numa maior qualificação dos empresários e trabalhadores, reforçando competências visando a racionalidade dos recursos e maior consciência ambiental.

A responsabilidade social corporativa deverá refletir uma unidade de alojamento consciente da sua pegada ecológica bem como boas práticas ambientais implementadas e o grau de envolvimento na minimização do impacte ambiental causado, demonstrando, um elevado empenho na preservação ambiental e sustentável do território (contratação local, defesa de espécies em vias de extinção, uso de produtos biológicos locais, replantação de árvores, melhoria das infraestruturas) criando atividades turísticas que mitiguem a pegada ecológica do alojamento e dos seus hóspedes, fatores determinantes numa procura turística cada vez mais ambientalmente exigente e consciente.

O desenvolvimento sustentável do turismo, em particular o da hotelaria do Minho, é um compromisso que envolve todos os stakeholders num caminho de forte consciência e equilíbrio pelo respeito das melhores práticas de sustentabilidade ambiental, económica e social da unidade de alojamento num contexto respeitador das comunidades e ambiente natural em que se insere.

 

António Cerdeiras

 

Diretor do Gabinete de Estudos da APROTURM

Investigador e Docente Ensino Superior

 15 set 2020